segunda-feira, 21 de junho de 2010

Um dia de cada vez $$$

Se há uma coisa que não estou conseguindo lidar direito é com minhas finanças. Pense num cara desorganizado nesse sentido. Eu num vou lá dizer que ganho muita grana, pelo contrário. Mas também seria errado dizer que num dava pra ter uma vida mais folgada com aquilo que ganho, caso eu fosse, digamos, mais organizado. Confesso não ser exemplo pra ninguém na administração dos meus recursos, do meu tempo e de algumas coisinhas da vida. A vida vai me levando e nem sempre paro muito pra pensar nela.
Às vezes até penso muito, mas o que me falta em grande medida é tomar decisões mais práticas, que ajudem a solucionar meus problemas, ou pelo menos a amenizá-los. No quesito finanças, entrei no vermelho há um bom tempo. Sei exatamente quais são meus erros nessa área. Não planejo, não invisto, não me policio, não controlo meus impulsos nem faço sacrifícios pensando em objetivos maiores. Aí o resultado todo mundo já sabe qual é: no fim do mês o dinheiro entra e sai da minha conta numa velocidade impressionante.
Como resolvo tudo da minha vida pela internet, minhas finanças são quase que como um joguinho, tipo Colheita Feliz, do Orkut. A grana chega e saio pagando os meus credores um por um pela net. Dura no máximo dez minutos pra quitar as minhas dívidas, é rapidinho. Dou três ou quatro clicks no mouse e o dinheiro voa que nem balão junino. Acho que faz mais de um ano que num vejo meu dinheiro ao vivo e a cores. É tudo no virtual. Pelo que percebo muitos dos meus amigos vivem situações parecidas, quase sempre menos críticas que a minha. Porém, jovens endividados e em desequilíbrio financeiro são cada vez mais comuns.
Acho inclusive que seria de grande utilidade pública a criação de uma coisa do tipo “Alcoólicos Anônimos da Dívida”. Nesse AA das finanças, os participantes poderiam trocar experiências e se ajudar mutuamente para superar o mal da má gestão do próprio dinheiro. “Um dia de cada vez” seria o lema, como no AA. Nada de empréstimos, cartões de crédito nem supérfluos. Comprar só o necessário, a subsistência, o essencial. O método teria o objetivo de desintoxicação, voltado à liberdade do participante em relação à vida consumista pós-moderna. Ninguém teria vergonha de expor a própria situação, pois todo mundo ali estaria no mesmo barco, rumo ao mesmo norte: a busca por um refrigério no bolso, e na vida.
Como essa situação ainda não existe (pelo menos desconheço) estabeleci uma meta pessoal pra mim: 2010 será o ano da virada. A partir do momento em que publicar este post aqui no blog, começo minha saga até o equilíbrio entre entradas e saídas na conta corrente. Rumo ao mundo azul. Comprei até revistinha pra me ajudar no passo-a-passo. Mas sei que tudo dependerá de pequenas decisões que tomar daqui pra frente no meu dia-a-dia. Vou ver no que dá. Depois conto aqui o resultado dessa empreitada.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

A história do meu nome

Meu nome não é lá muito incomum, pelo contrário. Todo mundo conhece um ou mais brunos. Há brunos de todos os tipos e escalas – dos mais gordos aos magricelas, dos claros aos escuros, dos burros aos inteligentes. Se o nome é o mesmo, a história de cada um é sempre particular. Há brunos que são brunos pelo gosto dos pais ou tios ou avós. Outros o são por falta de criatividade, porque os pais não são de arriscar e preferem colocar um nome que não gere traumas ou arrependimentos futuros. Há aqueles que se chamam bruno em homenagem ao santo homônimo (acreditem, existe). Eu, que descobri por acaso, aos 15 anos, ter nascido em dia de São Bruno (6 de outubro), me chamo Bruno por uma outra razão, não muito interessante mas inusitada.
Estava minha mãe caminhando comigo ao ventre (sete a oito meses de gravidez), nos idos 1982. O Brasil havia sido eliminado pela Itália há algumas semanas, naquele fatídico jogo em que Paolo Rossi mandou pra casa um dos mais brilhantes esquadrões brasileiros em Copas do Mundo. Nesse mesmo ano, Inglaterra e Argentina duelaram pelas Malvinas; Spielberg lança o filme ET; Itaipu é inaugurada; são realizadas as eleições diretas (menos pra presidente); o Toddynho é lançado no Brasil; e, num nível mais local, Paulista, minha cidade, perde territórios, com a emancipação de Abreu e Lima.
Pois bem, nesse contexto e em plena primavera de setembro, minha genitora sai pra passear aqui no meu bairro. Na cabeça, sonhos, planos e projetos para o futuro infante prestes a nascer, eu. Se ela já estivesse convicta a respeito do nome que iria me dar, talvez hoje me chamasse Diego, Diogo ou Davi. São nomes curtos, com poucas letras e sílabas, coisa que minha mãe apreciava nessa época. Foi então que ela teve a visão que iria marcar minha trajetória até os confins de toda a existência.
Naquele mesmo passeio, ela avistou uma jovem mãe com um gurizinho bem novo ao colo. Os dois também passeavam e pararam pra brincar num parquinho que até hoje existe pertinho de minha casa. Minha mãe avistou a cena ao longe e se deparou com algo que despertou sua curiosidade. Uma inscrição na camisa do garotinho estava prestes a revelá-la a resposta de uma de suas angustias mais intrigantes.
Ela se aproximou pra contemplar aquela cena por um ângulo melhor. Até que então conseguiu avistar as cinco letrinhas tão mágicas e que passaram a fazer tanto sentido depois daquela experiência: B – r – u – n – o. O coração da minha mãe acelerou e ela se encheu de uma alegria que num dá muito bem pra explicar. Acho que nesse momento eu dei um chutinho no útero dela, meio que confirmando o insight. Pois bem, a partir daí eu já tinha um nome definido. Minha mãe não conseguiu pensar em outro melhor. Não sei bem por que, mas até hoje acredito que foi Deus quem preparou aquela encenação batismal, meio mística e curiosa.
Saí dali com um nome e aos 12 de idade ganhei uma camisa igual ao daquele menino. Morria de vergonha de usar, mas como minha mãe se enchia de alegria ao me ver vestido com aquela camisa amarela, marcada com as cinco letrinhas mágicas, não podia decepcioná-la. Saía de casa com a amarelinha vez em quando, rapidinho, só pra agradar minha mãe. A turma da rua morria de rir, mas minha cara de pau e espírito anarquista me protegiam das gozações. De qualquer forma, valeu a experiência. Até hoje me lembro disso. É uma historinha que levo sempre comigo, pra rir de vez em quando.