Meu nome não é lá muito incomum, pelo contrário. Todo mundo conhece um ou mais brunos. Há brunos de todos os tipos e escalas – dos mais gordos aos magricelas, dos claros aos escuros, dos burros aos inteligentes. Se o nome é o mesmo, a história de cada um é sempre particular. Há brunos que são brunos pelo gosto dos pais ou tios ou avós. Outros o são por falta de criatividade, porque os pais não são de arriscar e preferem colocar um nome que não gere traumas ou arrependimentos futuros. Há aqueles que se chamam bruno em homenagem ao santo homônimo (acreditem, existe). Eu, que descobri por acaso, aos 15 anos, ter nascido em dia de São Bruno (6 de outubro), me chamo Bruno por uma outra razão, não muito interessante mas inusitada.
Estava minha mãe caminhando comigo ao ventre (sete a oito meses de gravidez), nos idos 1982. O Brasil havia sido eliminado pela Itália há algumas semanas, naquele fatídico jogo em que Paolo Rossi mandou pra casa um dos mais brilhantes esquadrões brasileiros em Copas do Mundo. Nesse mesmo ano, Inglaterra e Argentina duelaram pelas Malvinas; Spielberg lança o filme ET; Itaipu é inaugurada; são realizadas as eleições diretas (menos pra presidente); o Toddynho é lançado no Brasil; e, num nível mais local, Paulista, minha cidade, perde territórios, com a emancipação de Abreu e Lima.
Pois bem, nesse contexto e em plena primavera de setembro, minha genitora sai pra passear aqui no meu bairro. Na cabeça, sonhos, planos e projetos para o futuro infante prestes a nascer, eu. Se ela já estivesse convicta a respeito do nome que iria me dar, talvez hoje me chamasse Diego, Diogo ou Davi. São nomes curtos, com poucas letras e sílabas, coisa que minha mãe apreciava nessa época. Foi então que ela teve a visão que iria marcar minha trajetória até os confins de toda a existência.
Naquele mesmo passeio, ela avistou uma jovem mãe com um gurizinho bem novo ao colo. Os dois também passeavam e pararam pra brincar num parquinho que até hoje existe pertinho de minha casa. Minha mãe avistou a cena ao longe e se deparou com algo que despertou sua curiosidade. Uma inscrição na camisa do garotinho estava prestes a revelá-la a resposta de uma de suas angustias mais intrigantes.
Ela se aproximou pra contemplar aquela cena por um ângulo melhor. Até que então conseguiu avistar as cinco letrinhas tão mágicas e que passaram a fazer tanto sentido depois daquela experiência: B – r – u – n – o. O coração da minha mãe acelerou e ela se encheu de uma alegria que num dá muito bem pra explicar. Acho que nesse momento eu dei um chutinho no útero dela, meio que confirmando o insight. Pois bem, a partir daí eu já tinha um nome definido. Minha mãe não conseguiu pensar em outro melhor. Não sei bem por que, mas até hoje acredito que foi Deus quem preparou aquela encenação batismal, meio mística e curiosa.
Saí dali com um nome e aos 12 de idade ganhei uma camisa igual ao daquele menino. Morria de vergonha de usar, mas como minha mãe se enchia de alegria ao me ver vestido com aquela camisa amarela, marcada com as cinco letrinhas mágicas, não podia decepcioná-la. Saía de casa com a amarelinha vez em quando, rapidinho, só pra agradar minha mãe. A turma da rua morria de rir, mas minha cara de pau e espírito anarquista me protegiam das gozações. De qualquer forma, valeu a experiência. Até hoje me lembro disso. É uma historinha que levo sempre comigo, pra rir de vez em quando.
Meu! Ter nascido no ano do lançamento do Toddynho foi demais cara!! KKKKKK Todos nós temos uma história pra contar sobre nossos nomes, a minha contarei em breve no meu blog, quem sabe não vira uma onda?! Voce, como sempre, um mestre nas palavras!! Grande abraço Brunão!! As risadas escancaradas foram garantidas!! Valeu!!!
ResponderExcluirBruno, com uma narrativa desse tipo, você não nasceu, você ESTREOU. E que bela reestreia aqui no mundo blogueiro. Seja bem-vindo, meu querido. Se serve de consolo, a minha camisa RENATA era amarelo-ovo também...mas eu adorava. O meu BRUNO, meu irmão, tinha a sua azulzinha; ele também nasceu em 1982. Vou contar a ele o lance magnífico do Toddynho! Ah, e, se Deus já tinha dado uma de teatrólogo ao preparar a encenação no seu momento pré-identitário, lembre-se de que agora Ele tem um plano pra você, Bruno. Oh, Glória! kkkkkkkkk. Xero!
ResponderExcluirNossa! cunhadinho eu sabia q vc era um jornalista competente, mais depois deste texto...me encantei, adorei.... beijão.
ResponderExcluirSilviê
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirBruno,
ResponderExcluirQuanto tempo néh.
Eu fui saber com mainha a história do meu nome (eu sabia de leve algumas coisas) mas fiquei curiosa para saber os detalhes hihihihi
Beijos moço!
Ana Arcanjo
Poxa, o meu nome é tão diferente, sei que é indiano, mais porquê minha mãe colocou esse nome em mim eu não sei!!!Fiquei até triste com essa, vou na casa dela essa semana ainda saber!!!rsrsrs
ResponderExcluirAdorei toooda essa estória do teu nome..bjuss
Bruno significa moreno. Tudo a ver contigo! Volta a escrever, babe... Escreve qualquer coisa que já diverte ;)
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