quinta-feira, 29 de julho de 2010

O meu trabalho

Escolhi ser jornalista meio que por acaso. Na oitava série, nos idos 1997, fiz um trabalhinho de português em que eu e meu grupo apresentávamos um telejornal. Eu estudava nessa época no Núcleo Educacional Senador José Ermírio de Moraes, em Maria Farinha, Paulista; a escola era mantida até então pelo grupo Votorantin, que tinha uma fábrica do cimento Poty na região. Escola e fábrica hoje estão fechadas. No trabalho a que me referi, um dos meus colegas era o âncora e chamava as matérias que cada repórter ia apresentar. Não era filmagem não, era tipo um teatrinho. A matéria que apresentei foi sobre meio ambiente, que li numa revista não lembro qual. Lembro apenas que era sobre a BR-262 lá do Mato Grosso do Sul, que ligava as cidades de Campo Grande e Corumbá, considerada a capital do Pantanal. Nessa rodovia tava acontecendo uma verdadeira mortandade de animais silvestres. Como a pista não tinha sido planejada para garantir a segurança dos animais que viviam na área, muitos estavam sendo atropelados e morrendo. A matéria apontava uma série de soluções, realizadas em outros países, é claro, como a construção de estradas ecológicas, com grades, túneis, telas, etc e tal. Na minha apresentação falei tudo direitinho, fazendo pose pras câmeras imaginárias, mudando de enquadramento (como se estivesse no Pantanal). Putz, foi a melhor apresentação que fiz na vida! A galera e a professora (Silvana) super elogiaram. Aí passei os três anos do Ensino Médio pensando em cursar Jornalismo. Acabei fazendo Bacharelado em Física no vestibular. Passei e desisti logo nos primeiros meses de curso – a adolescência é sempre uma fase complicada! No mesmo ano, 2001, tentei jornalismo e passei, começando o curso em maio de 2002 – atrasou por causas das tradicionais greves das federais. Não posso dizer que fui um excelente aluno, mas passei por grandes estágios e tive boas oportunidades de me formar um profissional com certa segurança. No meu primeiro emprego, ainda na faculdade, fui educador popular. Nessa época eu ministrava oficinas de comunicação pelo projeto Agente Jovem, de Olinda, no qual trabalhava com turmas de adolescentes dos 15 aos 18 anos em situação de risco. Isso foi entre julho de 2004 e maio de 2005. Em setembro de 2005 fui estagiar no Jornal do Commercio, no caderno de Esportes. Fiquei lá até setembro de 2006. No fim do ano fui aprovado para estagiar no PE 360 Graus, da Globo Nordeste. O estágio ocorreu entre fevereiro e agosto de 2007. Em setembro me formei jornalista e passei, de setembro a dezembro, a prestar serviços pro JC, na mesma editoria de Esportes. Nos primeiros meses de 2008, fiz apenas serviços esporádicos, freelas em assessoria de imprensa. Em março prestei concurso UFRPE. O resultado saiu em maio e comecei a trabalhar lá no dia 21 de julho do mesmo ano, na Coordenadoria de Comunicação Social. Já faz dois anos que estou na Rural, não tenho do que reclamar. Dá pra trabalhar e estudar sem muitos problemas. E é muito massa trabalhar num local onde a produção de conhecimento ocorre a toda hora. Sempre gostei de ciência e estou tendo uma grande oportunidade de respirar ares tão interessantes. Além disso, ser funcionário público, trabalhar em minha áerea de formação, num lugar tão bacana, não é todo dia que isso acontece. Tem alguns problemas, é claro, como em toda empresa pública ou privada, mas posso dizer com segurança que muita gente gostaria de estar no meu lugar...

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Shyness is nice, shyness can stop you

A timidez é uma parada. Eu, que já fui tímido e ainda sou, posso dizer que a timidez muitas vezes é um grande empecilho. Em algumas circunstâncias, ser tímido pode até ser uma vantagem, mas essas são muito poucas. Pois bem, consegui vencer a terrível timidez que me afligiu toda a adolescência depois de ter tomado uma decisão: "tenho que sair de dentro de mim mesmo, para viver a vida!" Faz mais ou menos 10 anos que deixei de ser tímido, introspectivo demais. Minha vida era legal, mas era um inferno também. Eu era meio travado até os 17 pra 18. A coisa mais difícil pra mim era falar sobre meus sentimentos. Não conseguia dizer nada, pra ninguém, sobre ninguém. Era terrível gostar de alguma garota. Geralmente era algo que só eu ficava sabendo. Nem aos meus amigos eu tinha coragem de me abrir, menos ainda à menina do meu interesse. Falar em público era quase uma tortura, terrível. Na verdade, qualquer coisa em público me dava pânico, até responder pergunta de professor em sala de aula. Quando era posto em evidência, tremia todo, o raciocínio travava, a voz não saía. Era horrível. Dançar, então, nem se fala. Quanto me atrevia, a sensação era a de que o mundo inteiro parava pra olhar pra mim, pra analisar os mínimos movimentos do meu corpo. Teve um dia, acho que tinha uns 13 pra 14 anos, inventei de convidar uma moçoila à dança. Era uma festinha de aniversário de um colega meu chamado Rafael. Jaqueline era o nome dela. Travei no meio do salão. Ela tentando dançar e eu sem conseguir dar um passo. Coisa que hoje conto rindo, mas que foi meio esquisita na época. Venci a timidez na base da paulada. Entrei em teatro, virei educador popular, coordenei até grupo de jovem em igreja. Toda vez que surgia uma oportunidade de falar, de me expor, no lugar de deixar o medo tomar conta colocava minha cara à tapa. Paguei um monte de mico com essa técnica, mas deu certo, ao menos em parte. Quem me conhece há mais tempo, especialmente a galera dos colégios que estudei na adolescência e até na faculdade (a infância foi bem diferente; depois conto), sabe o quanto eu era tímido. Tanto que tem gente que se encontra comigo e tem até um susto. Não que tenha mudado muito na essência, mas na forma. Continuo o mesmo (com alguns aprimoramentos a mais; e defeitos também, muitos), mas tou mais disposto à aventura, às coisas não muito seguras, que não tem manual ensinando o passo a passo. Apesar disso, gosto muito da timidez, pois ela impede que a gente se entregue logo de cara. Quem quiser compreender um tímido (a) tem que ir devagarzinho, com jeito, astúcia. A timidez tem seu charme, e eu sabia disso na época em que ela me acompanhava mais de pertinho. Por isso fiz muitos amigos e conquistei alguns (as) admiradores (as), amores também. Sinto falta só de certo ar zen que eu tinha. Tudo era mais tranqüilo, mais light, centrado, no eixo. Sair da casca do ovo também me fez ser meio estabanado, fora de foco às vezes. Mas é o preço que se paga, afinal, mudanças geram mudanças. Gosto do que sou agora e do que fui anos atrás. O bom é que a vida sempre possibilita escolhas. A gente é quem decide pra onde vai, como e quando...

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Se meu Palio falasse...


Mesmo sem falar, meu Palio (KFK-7227/Fiat) foi um grande irmão durante os quase dois anos de convivência. Chamava ele carinhosamente de Pretume, nome dado pela antiga dona e que mantive. Com ele, circulei distância suficiente pra dar quase uma volta e meia ao mundo pela Linha do Equador (mais de 50 mil km). Pretume nunca me deixou na mão. Estava sempre disposto a me atender, em qualquer circunstância. Ele me levava pra todo canto. Nossas idas e vindas sempre tinham trilha sonora, sempre uma musiquinha legal. Se Pretume falasse, além de trocar idéias comigo e de me dar conselhos – tenho certeza que os daria –, ele também teria boas histórias pra contar. Foram dois anos, como diria Roberto, de grandes emoções. Chorei, sorri, e grandes emoções eu com meu Palio vivi. Puxa, foram tantas coisas que só de lembrar vem um quê de nostalgia. Teve a viagem rumo ao desconhecido que acabou em Sobral-CE; o dia em que parei e chorei; as histórias do banco de trás; as saídas com a galera; os passeios sem propósito nem destino; as grandes conversas; os perfumes que conheci; as caridades que fiz; enfim...
Bem, o Pretume foi meu primeiro carro. E, como se sabe, o primeiro carro de um homem é eterno, fica na gavetinha das recordações especiais, onde estão guardadas também as memórias da infância, os primeiros amores, os grandes acontecimentos da vida. Pretume se foi, mas conquistou lugarzinho cativo no meu coração. Faz mais ou menos quatro semanas que o troquei. As contingências me levaram a decidir pela troca. Escolhi um Celtinha, verdinho, batizado preliminarmente de “Verdume”. Ainda estamos nos conhecendo, mas já passou da fase da paquera. Chegamos ao início de namoro que, acredito, irá durar alguns anos. Espero que a relação seja tão cúmplice quanto a que tive com meu Palio...