segunda-feira, 19 de julho de 2010

Shyness is nice, shyness can stop you

A timidez é uma parada. Eu, que já fui tímido e ainda sou, posso dizer que a timidez muitas vezes é um grande empecilho. Em algumas circunstâncias, ser tímido pode até ser uma vantagem, mas essas são muito poucas. Pois bem, consegui vencer a terrível timidez que me afligiu toda a adolescência depois de ter tomado uma decisão: "tenho que sair de dentro de mim mesmo, para viver a vida!" Faz mais ou menos 10 anos que deixei de ser tímido, introspectivo demais. Minha vida era legal, mas era um inferno também. Eu era meio travado até os 17 pra 18. A coisa mais difícil pra mim era falar sobre meus sentimentos. Não conseguia dizer nada, pra ninguém, sobre ninguém. Era terrível gostar de alguma garota. Geralmente era algo que só eu ficava sabendo. Nem aos meus amigos eu tinha coragem de me abrir, menos ainda à menina do meu interesse. Falar em público era quase uma tortura, terrível. Na verdade, qualquer coisa em público me dava pânico, até responder pergunta de professor em sala de aula. Quando era posto em evidência, tremia todo, o raciocínio travava, a voz não saía. Era horrível. Dançar, então, nem se fala. Quanto me atrevia, a sensação era a de que o mundo inteiro parava pra olhar pra mim, pra analisar os mínimos movimentos do meu corpo. Teve um dia, acho que tinha uns 13 pra 14 anos, inventei de convidar uma moçoila à dança. Era uma festinha de aniversário de um colega meu chamado Rafael. Jaqueline era o nome dela. Travei no meio do salão. Ela tentando dançar e eu sem conseguir dar um passo. Coisa que hoje conto rindo, mas que foi meio esquisita na época. Venci a timidez na base da paulada. Entrei em teatro, virei educador popular, coordenei até grupo de jovem em igreja. Toda vez que surgia uma oportunidade de falar, de me expor, no lugar de deixar o medo tomar conta colocava minha cara à tapa. Paguei um monte de mico com essa técnica, mas deu certo, ao menos em parte. Quem me conhece há mais tempo, especialmente a galera dos colégios que estudei na adolescência e até na faculdade (a infância foi bem diferente; depois conto), sabe o quanto eu era tímido. Tanto que tem gente que se encontra comigo e tem até um susto. Não que tenha mudado muito na essência, mas na forma. Continuo o mesmo (com alguns aprimoramentos a mais; e defeitos também, muitos), mas tou mais disposto à aventura, às coisas não muito seguras, que não tem manual ensinando o passo a passo. Apesar disso, gosto muito da timidez, pois ela impede que a gente se entregue logo de cara. Quem quiser compreender um tímido (a) tem que ir devagarzinho, com jeito, astúcia. A timidez tem seu charme, e eu sabia disso na época em que ela me acompanhava mais de pertinho. Por isso fiz muitos amigos e conquistei alguns (as) admiradores (as), amores também. Sinto falta só de certo ar zen que eu tinha. Tudo era mais tranqüilo, mais light, centrado, no eixo. Sair da casca do ovo também me fez ser meio estabanado, fora de foco às vezes. Mas é o preço que se paga, afinal, mudanças geram mudanças. Gosto do que sou agora e do que fui anos atrás. O bom é que a vida sempre possibilita escolhas. A gente é quem decide pra onde vai, como e quando...

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